Brasileiro curado de câncer terminal crê em misto de ciência e manifestação religiosa
O funcionário público aposentado Vamberto Luiz de Castro, de 65 anos, tinha um linfoma nos ossos em fase terminal. Ele tentou quimioterapia e radioterapia, mas seu corpo não respondeu bem a nenhuma das técnicas. Então, já tomando morfina todo dia, foi submetido a um tratamento inédito na América Latina. Trata-se de um método 100% brasileiro, baseado em uma técnica de terapia genética descoberta no exterior e conhecida como CART-Cell. Hoje livre do linfoma e aproveitando a “nova vida” ao lado da família, ele declara:
“Eu tenho recebido tanta manifestação de tanta gente que rezou. Eu prefiro dizer que é um misto de manifestação religiosa e ciência”.
Vamberto, que teve alta do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto no último domingo, 13, revela ainda estar tentando entender tudo o que aconteceu. “Eu estou meio assustado com tudo o que aconteceu, especialmente sobre o tratamento”.
O tratamento, ainda experimental no Brasil, foi realizado com uma equipe da Universidade de São Paulo (USP), e consiste em habilitar células de defesa do corpo (linfócitos T) com receptores capazes de reconhecer o tumor. O ataque é contínuo e específico e, na maioria das vezes, basta uma única dose.
Em conversa com o G1, Vamberto contou que desde que teve alta e pôde voltar para casa, fica admirando os cômodos, os móveis e a paisagem de montanhas que vê da janela. O deslumbramento não é para menos. Antes do tratamento, as chances de cura eram quase inexistentes.
“É um sentimento impagável. Ontem mesmo foi a primeira manhã que passei aqui [em casa]. Terminei o café e fiquei olhando para a mata. É um sentimento muito confortável, agradável”, disse.
Apesar de considerar que possa ter tido também uma bênção, ele se disse muito grato aos médicos e à toda equipe que o acompanhou.
“A equipe muito bem preparada, um pessoal que tem o domínio do conhecimento que adquiriu impressionante. Eles chegaram com elegância clássica e não perderam a simplicidade”, elogiou o atendimento humanitário que recebeu.
Dimas Tadeu Covas, que coordena o Centro de Terapia Celular do HC de Ribeirão, responsável pelo tratamento de Vamberto, afirmou que se as etapas de estudos e pesquisas da nova técnica se manterem promissoras, o tratamento pode ser adotado em larga escala com adaptações nos laboratórios de produção. “Os investimentos necessários para ampliação da capacidade produtiva são de pequena monta, da ordem de R$ 10 milhões”.
Imagem de capa: Vamberto Luiz de Castro, de 64 anos, comemora sucesso de terapia genética inédita na América Latina — Foto: Vamberto de Castro/Arquivo pessoal
Com informações de G1